Matsuo Bashô, Luís de Camões, Guerra Junqueiro e Paulo Taful

No dia 16 de Junho de 2012 realizou-se mais um encontro de Poetas Aqui. Connosco, desta vez com a participação especial do engenheiro e fotógrafo Mário Pires. Filipe de Fiúza apresentou a todos os presentes no Ateliê CriArt um pouco da vida e obra do poeta japonês Matsuo Bashô e dos poetas portugueses Luís de Camões e Guerra Junqueiro. O poeta sintrense Paulo Taful foi o convidado do Poetas Aqui. Connosco de Junho 2012.


MATSUO BASHÔ - Poeta Estrangeiro




Leitura de haikus do livro O Gosto Solitário do Orvalho.




Acabou-se o óleo na lamparina
Mas... eis a lua
que entra pela janela

***

Acorda acorda
Serás a minha companheira
borboleta que dormes

***

A mesma paisagem
escuta o canto e assiste
à morte da cigarra

***

Mesmo um velho cavalo
é belo de manhã
sobre a neve







LUÍS DE CAMÕES - Poeta Português Conhecido




Evocação do Grã-Poeta da Língua Portuguesa com breve debate sobre Portugal com e sem Camões seguido de leitura de poemas da Lírica Camoniana, tais como:


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.



GUERRA JUNQUEIRO - Poeta Português esquecido




Leitura de excertos da obra Os Simples:



II

IN PULVIS...


Oh, que noite negra, que invernia brava!
Nem uma estrellinha pelo ceo reluz!
Chora o vento ao longe com a voz tão cava,
Como quando dizem que de dor chorava
Toda a santa noite em que expirou Jesus!...

Vem sanguinolentos gritos muribundos
Das soturnidades torvas do horisonte!...
Já nos ermos andam lobos vagabundos...
Já os rios cheios, com bramidos fundos,
N'um diluvio d'agoa vão de mar a monte!...

Em casal de serras arde o castanheiro,
Lampada de pobres a fazer serão;
De redor do grande, festival braseiro,
A velhinha, o velho, o lavrador trigueiro,
A mulher, os filhos, o bichano e o cão.

Queima-se o gigante, rude centenario,
Que jamais os astros hão-de ver florir...
E do seu cadaver o esplendor mortuario
Faz d'essa choupana quasi que um sacrario
Com uma alma d'oiro dentro d'ella a rir!...

Tem o velho ao colo o seu netinho doente;
--Morte negra, foge do telhado, ó, ó...--
E no lar as brasas simultaneamente
Dizem para o anjo:--tudo é oiro ardente...
Dizem para o velho:--tudo é cinza e pó!...

Quantas vezes, quantas! por manhãs radiantes
Em pequeno, alegre como um colibri,
Não trepara aos braços todos verdejantes
D'esse castanheiro, que n'alguns instantes
Ha-de ver em cinzas já desfeito ali!...

Quantas vezes, quantas! lhe bailara em torno!
Quantas noites, quantas! elle ali dormia
Pelo mez das ceifas, quando o luar é morno,
E das restolhadas, quentes como um forno,
Se evolavam cheiros d'arreçã bravia!...

Como não sentir um entranhado afecto,
Como não amal-o com veneração,
Se lhe dera a trave que sustenta o tecto,
Se lhe dera o berço onde repoisa o neto,
Se lhe dera a tulha onde arrecada o pão!

Fez com elle o jugo e fez com elle o arado;
Fez com elle as portas contra os vendavaes;
E com elle é feito o velho leito amado,
Onde se deitara para o seu noivado,
E onde já morreram seus avós, seus paes!

E o bom velho embala o seu netinho doente...
--Morte negra, foge... dorme, dorme... ó, ó...--
E, fitando as chamas simultaneamente,
Ri-se a creancinha, vendo o oiro ardente,
Lagrimeja o velho, vendo cinza e pó!...

A velhinha resa, resa afervorada...
Tão velhinha e branca, branca de jasmins,
Que a idealiso e creio d'esplendor banhada,
Entre palmas verdes até Deos levada
N'um andor de rosas pelos serafins...

Resa pelos mortos... resa á virgem pura...
Desde a sua infancia tão ditosa e bella,
Já d'essa choupana (como a noite é escura!)
Quantos tem partido para a sepultura,
Quantos tem ficado dentro d'alma d'ella!...

Dentro d'alma d'ella, triste campo santo,
Muitas almas vivem mortas a sonhar!...
Vivem mortas, mudas, n'um dorido encanto...
Nos seus olhos vitreos cristalisa o pranto,
Nos seus labios roxos fosforece o luar...

E essas almas fluidas que ella traz comsigo,
--Talisman da crença, magico poder!--
Frias como a neve vem do seu jasigo,
Vem sentar-se todas no logar antigo,
A chorar á roda do braseiro a arder!...

Ai dos pobres mortos que não tem fogueiras,
Nem velhinhas santas que lhe deem luz!
Sob leivas, onde ninguem põe roseiras,
Umas sobre as outras juntam-se as caveiras,
Dando sangue aos vermes, podridões á Cruz...

D'esses desgraçados, mortos no abandono,
Onde estão as almas? P'ra que Deos as fez?
Quando o vento uivando lhes perturba o somno
Pela treva errantes, como cães sem dono,
Andarão perdidas a ulular talvez!...

Pois até por essas que ninguem conforta
A velhinha chama... e todas ellas vem...
--Vinde pobresinhas, (como o vento as corta!)
Vinde aqui sentar-vos, que eu vos abro a porta,
A aquecer-vos, filhas, ao meu lar tambem!--

E a dos olhos garços pastorinha bella
Fia no seu fuso linho por corar;
É trigueiro o linho, trigueirinha é ella...
Rodopia o fuso... quando for donzella,
Já terá camisas para se ir casar!...

E esse fuso alegre onde se enrosca o linho
Já foi ramo verde n'esse tronco em brasas:
Deu já cachos brancos como o branco arminho,
Já sobre elle a ave construiu seu ninho,
Já sobre elle amando palpitaram azas!...

Fuso como giras em dedinhos breves
Prasenteiramente, com tão louco ardor!
Que estarás fiando?... que enxovaes?... que neves?
Se serão camisas, ou mortalhas leves,
Cama para bodas, ou lençoes de dor!...

No vetusto escano o lavrador sombrio
Pensa na courela... Santo Deos, Jesus!
Se a tormenta engrossa, se lha leva o rio,
Como é que hade o gado pelo ardor do estio
Sustentar-se a piornos de fraguedos nus!...

Choram ventanias!... panica tristeza!...
Sentem-se na loja bois a ruminar...
Queixas insondaveis vem da naturesa!...
Quanto monstro mudo, quanta lingoa presa,
Contemplando a Noite sem poder fallar!...

Ronronando ao lume, dorme o cão e o gato.
Almas misteriosas, em que sonharão?...
Como que n'um dubio lusco-fusco abstracto,
De ter sido tigre lembra-se inda o gato?...
De ter sido hiena lembra-se inda o cão?...

Eis as brasas mortas... Eil-o já converso
O castanheiro em cinza, em fumo vão, em luz...
Luz e fumo e cinza tudo irá disperso
Reviver na vida eterna do universo,
Circulo de enigmas, que ninguem traduz...

Sempre, sempre, sempre, cinza, fumo e chama
Viverão, morrendo a toda a hora... sempre!...
Nuvem que troveja, calix que enbalsama,
Planta, pedra, insecto, humanidade, lama,
Serão tudo, tudo!... inconcebivel!... Sempre!

Mas a alma, as almas quem as ha criado?
Qual a origem d'onde a sua essencia emana?...
Ah, em vão levanto o triste olhar magoado
Para os olhos d'ouro que do azul sagrado
Lançam as estrellas á miseria humana!...

Oh em vão!... que os astros, onde em sonho habito,
São tambem fogueiras sobrenaturaes,
Que na pavorosa noite do Infinito
Crepitando espalham seu clarão bemdito,
Suas alvoradas roseas, virginaes,

Para em torno d'ellas se aquecerem mundos
A tremer com frio, a soluçar com dor,
Miseraveis monstros cegos, vagabundos,
Atravez d'eternos turbilhões profundos,
N'um virtiginoso, angustioso horror!...

E ardam astros d'oiro, ou ardam castanheiros,
No Infinito imenso ou n'um tugurio assim,
Fica a mesma cinza d'esses dois braseiros,
Atomos errantes, sonhos vãos, argueiros
Na inconsciencia calma da amplidão sem fim!...

E o mundo e os mundos a girar na altura
Como vós, ó velhos, morrerão tambem...
Blocos de materia fria, sem verdura,
Errarão na vaga imensidade escura,
Cemiterio d'astros que nem cruzes tem!...

Dormirão? oh, nunca!... vão eternamente
Circular na eterna vida universal:
Nebulosa fluida, lavareda ardente,
Lodo, o mesmo lodo, como antigamente,
Com os mesmos dramas entre o Bem e o Mal!...

Formas da materia, que eu em vão desnudo,
Que invisiveis forças, e almas encobris?
Quem o sabe? A Morte, que conhece tudo...
Mas o enigma impresso no seu labio mudo
Só na treva aos mortos é que a morte o diz!...

Só a Morte o sabe... mais a Fé que abrasa,
Que penetra as coisas com o seu olhar!
Não ha fé na alma, não ha luz na casa...
A rasão é um verme, mas a crença é aza...
Verme! aos infinitos poderás chegar!...

Ó velhinha santa, minha boa amiga,
Resa o teu rosario, move os labios teus!...
A oração é ingenua? Vem de crença antiga?
Não importa! resa, minha boa amiga,
Que orações são lingoas de falar com Deos!...

Ha pedintes cegos de inspiradas frontes,
Com estrellas n'alma, com visões mentaes,
Que atravessam rios, que vão dar com fontes,
Que andam por agrestes, solitarios montes,
Sem errar a estrada, sem cahir jamais!...

Pelos bosques ermos, onde venta e neva,
Com os seus farrapos mais o seu bordão,
Marcham por milagre na continua treva...
Oh, dizei, dizei-me quem os guia e leva?
Que prodigio oculto? que invisivel mão?

Pois, velhinha branca, tua crença pura,
Tua resa antiga, que me faz chorar,
É egual aos cegos, que na noite escura
Não precisam d'astros para ver a altura,
Não precisam d'olhos para ter olhar!

No Infinito mudo tua ingenua crença,
Tremula ceguinha de risonho alvor,
Eil-a andando, andando, como que suspensa,
Pelos descampados d'uma noite imensa,
Vastidões d'assombros, amplidões d'horror!...

E onde a aguia, o genio de pupila ovante,
Tem vertigens, auras, desfalece e cae,
A ceguinha debil, vagabunda, errante,
D'olhos ás escuras. Infinito adiante,
N'um enlevo aereo perpassando vae!...

Branca e pequenina, ligeirinha e leve,
Corta por abismos, plagas sem faroes,
Stepes infindaveis que ninguem descreve,
Lugubres desertos de mudez e neve,
Bategas de brasas, turbilhões de soes!...

Vae andando, andando, té que emfim cercada
D'uma aleluia mystica de luz,
Com o bordãosinho que a amparou na estrada
Bate ás portas d'oiro da feliz morada,
Presbiterio d'Almas, onde está Jesus!...

Vem um anjo abril-as; a ceguinha mansa
Põe-se de joelhos, em adoração...
Diz-lhe o anjo:--Toma, guarda esta lembrança:
Uma palma d'astros, a luzir Esp'rança,
Que á velhinha humilde levarás na mão!

E, ave pressurosa recolhendo ao ninho,
Já com alimento para os filhos seus,
Eil-a que regressa por egual caminho,
E vem dar-te, ó santa, côr de jaspe e arminho,
Tão amada ofrenda que te envia Deos!...

Resa esse rosario, santa lagrimosa!
Sobre os teus joelhos deixa-me deitar!
Triste da minh'alma!... vê, que desditosa!...
Unge-m'a de bençãos, mão religiosa!...
Cobre-m'a de graças, cristalino olhar!...

Resa-lhe baixinho, minha boa amiga!
Resa-lhe rosarios de orações ideaes!
Morta de miseria, morta de fadiga,
Deixa que ella durma na pureza antiga...
Que ella durma... sonhe... e não acorde mais!...


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Foram ainda lidas do autor várias anotações anexas à obra Pátria das quais se destacam:



"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas. [...]";

"Um clero português, desmoralizado e materialista, liberal e ateu, cujo Vaticano é o ministério do reino, e cujos bispos e abades não são mais que a tradução em eclesiástico do fura-vidas que governa o distrito ou do fura-vidas que administra o concelho [...]";

"Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo [...]";

"Um exército que importa em 6.000 contos, não valendo 60 réis [...]";

"Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo [...]";

"A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara a ponto de fazer dela um saca-rolhas";

"Dois partidos monárquicos, sem ideias, sem planos, sem convicções [...]";

"Um partido republicano, quase circunscrito a Lisboa, avolumando ou diminuindo segundo os erros da monarquia, hoje aparentemente forte e numeroso, amanhã exaurido e letárgico [...]";

"Instrução miserável, marinha mercante nula, indústria infantil, agricultura rudimentar";

"Um regime económico baseado na inscrição e no Brasil, perda de gente e de capital, autofagia colectiva, organismo vivendo e morrendo do parasitismo de si próprio";

"Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante, o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários";

"Uma literatura iconoclasta, – meia dúzia de homens que, no verso e no romance, no panfleto e na história, haviam desmoronado a cambaleante cenografia azul e branca da burguesia de 52 [...]";

"E se a isto juntarmos um pessimismo canceroso e corrosivo, minando as almas, cristalizado já em fórmulas banais e populares [...] teremos em sintético esboço a fisionomia da nacionalidade portuguesa no tempo da morte de D. Luís, cujo reinado de paz podre vem dia a dia supurando em gangrenamentos terciários."

Por sua vez retiradas do ensaio de Joaquim Matos intitulado Junqueiro um espaço na Modernidade



PAULO TAFUL - Poeta Português convidado




Paulo Alexandre Taful Damião; usa o nome literário «Paulo Taful» é um maestro, encenador e poeta português, nasceu em Montelavar no dia 19 de Janeiro de 1969.

Iniciou os seus estudos, ainda criança, no seio da sua família. Começou os estudos musicais como executante de trombone, passando depois para o saxofone. Mais tarde, descobre a música coral e deixa-se fascinar pela Direcção Coral. Depois de terminar um curso de Direcção Coral, frequentou vários “workshop’s” e cursos de aperfeiçoamento, tanto em Portugal, como no estrangeiro. Depois veio o teatro e a grande aventura dos palcos, das luzes e dos escritores, como Lorca. Em 2004 integra o grupo “Músicos e Poetas”, com o qual tem em cena há cerca de dois anos o espectáculo “Palavras ao Piano”, com este espectáculo gravou um CD. Há alguns anos apaixonou-se pela escrita e descobriu na poesia um espelho onde reflecte a sua alma. Em 2001 publica o seu primeiro livro de poesia “Palavras Pensadas”. Em 2003 publicou o livro “Mercador de Poemas – Contos, cartas e poesia” e lança simultaneamente o seu primeiro CD de poesia com o mesmo nome.

Participou em algumas antologias poéticas e ganhou alguns prémios de poesia. Em Abril de 2005 lançou o CD “Castelos no ar”. Durante sete anos dirigiu o Grupo Coral da Academia da Força Aérea Portuguesa, participando em várias cerimónias de estado e em vários programas de televisão. Em 2006, dirigiu e encenou o musical "O Nazareno" de Frei Hermano da Câmara. E em 2007 estreou o musical “Senhora de Fátima” um espectáculo da sua autoria recorrendo a músicas de vários autores consagrados, que foi convidado a estar presente no Centro Pastoral Paulo VI em Fátima, integrado nas comemorações dos 90 anos das aparições de Fátima. Actualmente é professor de História de Portugal na Academia cultural da 3ª idade do Cacém, onde também dirige uma oficina de poesia e onde já leccionou também História da Música. É maestro em 14 grupos corais, com os quais realiza anualmente cerca de duas centenas de espectáculos, e dá aulas de Educação Musical no Jardim-escola João de Deus. Em Outubro de 2007 estreou o seu musical "Amália para sempre" em cena em Cabriz - Sintra. Em Maio de 2008 estreou o seu café Concerto "Café Lisboa, em cena em Pêro Pinheiro, no Centro Social de Pêro Pinheiro. Em Abril de 2009 estreou a sua encenação do musical A Canção de Lisboa, baseado musical de Filipe La Féria na Associação Cultural, Social e Recreativa de Cabriz. Em Janeiro de 2010 fundou a sua companhia de Teatro Profissional "Bastidores do Êxito" com a qual estreou o grande sucesso A Casa de Bernarda Alba de Federico Garcia Lorca e com o qual tem em cena actualmente o musical O Nazareno de Frei Hermano da Câmara.

Faz parte da “Associação Portuguesa de Poetas” e de “Os Confrades da Poesia”. Lançou em 2012 a nova obra poética "O Monólogo do Poeta" que vai já na segunda edição.

BIBLIOGRAFIA:
“Palavras Pensadas”; "Monólogo do Poeta"

Sítio Oficial: http://paulotaful.com.sapo.pt




Ó Poeta!

Que sabes tu poeta
De ventos e marés!
Que sabes tu
Do tempo e das estações do ano!
Tu, poeta, não sabes nada.
Só sabes falar do mundo,
Que ninguém viu ou foi.
Só falas de sentimentos e paixões.
Só dizes que vives
Dez vidas numa só.
Ó poeta que sabes tu?
Tu, poeta, não sabes nada!


Água

Água que corre nas pedras gastas,
Cristal da terra,
Gota de mel.
Sabor a terra,
Humos e musgos,
Vida brotante e festiva,
Clorofila e frutos.
Tronco, membro erecto,
Transpirando folhas,
Onde dormem bichos.
Perfume a rosas e lírios.
Vidro ao sol,
Que enche meu copo à noitinha.


Metafísica

Como a luz nunca filtrada,
Assim deve ser o homem,
Translúcido,
Transparente.
Pleno de si em todos os sentidos,
Palavras, actos.
Sem omissões,
Sem pecado,
Sem medo,
Sem ressurreição
Porque se ressuscitou a si próprio.
Deixando-se transformar na pureza da metafísica.
Luz!
De si para todos.
Sem omissões,
Sem pecados.




1 comentário:

  1. Muito, muito bom, meu bom amigo, meus bons amigos!!!

    Abraços a todos
    Jorge Vicente

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